State of digital products: insights de Thiago Parra
Introdução
No estudo State of Digital Products, buscamos entender as melhores práticas na gestão do desenvolvimento de produtos digitais. Para isso, começamos com um formulário e avançamos para entrevistas mais aprofundadas. Uma dessas conversas foi com Thiago Parra, profissional com uma trajetória técnica sólida, passando de desenvolvedor a head de produto em grandes empresas.
Durante o papo, falamos sobre os desafios da gestão de produto, como alinhar expectativas com stakeholders, a importância de pequenas entregas e até o impacto da inteligência artificial no trabalho de PMs. Aqui estão os principais insights.
1. O verdadeiro desafio não é desenvolver, mas entender o que desenvolver
Parra reforçou um ponto essencial: muitas vezes, o cliente acha que sabe o que quer, mas na verdade não tem clareza sobre o que realmente precisa. Esse desalinhamento pode levar ao desenvolvimento de funcionalidades desnecessárias, aumentando custos e prazos sem resolver o problema real.
- A pergunta mais importante não é “o que você quer?”, mas sim “qual dor você quer resolver?”
- Muitas vezes, o melhor caminho nem é um software. Pode ser um ajuste de processo, um Excel bem estruturado ou uma mudança organizacional.
- Antes de construir qualquer solução, é essencial definir como medir o sucesso. Exemplo: se o cliente quer aumentar vendas, é preciso entender qual parte do funil está com problema.
2. Alinhamento com stakeholders: transparência é a chave
Um erro comum em empresas de tecnologia é fazer acordos parciais com stakeholders. Isso acontece quando alguém do time de produto promete um prazo antes de alinhar com a equipe técnica, gerando pressão desnecessária e frustração para ambos os lados. Parra destacou um modelo mais saudável:
- O time técnico precisa estar envolvido nas estimativas desde o início. Nada de prometer prazos sem ouvir quem realmente vai executar.
- Transparência na comunicação: se um prazo depende de variáveis externas ou pode ter ajustes, isso deve ser dito desde o começo.
- Pequenas entregas constantes evitam o risco de só mostrar resultado no final e descobrir que não atende às necessidades reais do usuário.
“O combinado não sai caro. Se todo mundo entende as expectativas e os riscos, o projeto flui muito melhor.”
3. como estimar prazos sem errar feio
Definir prazos de entrega em tecnologia sempre foi um problema. Parra compartilhou uma abordagem prática que ajudou seu time a ser mais preciso:
- Criar histórias de tamanho parecido: evitar tarefas gigantescas ou mínimas demais. Idealmente, cada história deve ter um escopo claro e ser comparável com outras.
- Olhar para o histórico do time: se o time entrega, em média, cinco histórias por sprint, essa deve ser a base para previsões futuras.
- Comunicar progressos com clareza: em vez de esconder problemas, o ideal é avisar o quanto antes e ajustar prioridades junto aos stakeholders.
Com isso, a equipe trabalha sem promessas irreais e sem a necessidade de cortar qualidade para atender prazos mal planejados.tempo, qualidade e custo: escolha dois.
Parra citou um conceito clássico na área de tecnologia: o triângulo de tempo, qualidade e custo. Basicamente, um projeto pode ter apenas dois desses três elementos otimizados:
- Se precisa ser rápido e barato, a qualidade vai cair.
- Se precisa ser rápido e de qualidade, vai custar mais caro.
- Se precisa ser barato e de qualidade, vai demorar mais tempo.
O segredo está na transparência com o cliente sobre essas escolhas. Muitas vezes, um cliente quer tudo ao mesmo tempo e acaba frustrado quando a realidade bate à porta.“O que não pode acontecer é vender uma ilusão e tentar consertar depois.”
4. inteligência artificial e o futuro do product management
Falamos também sobre IA e seu impacto na rotina dos PMs. Parra foi direto: a IA não vai substituir PMs, mas sim ajudá-los a trabalhar melhor.
- Ferramentas como ChatGPT podem ajudar a escrever histórias de usuário mais completas e detalhadas, com critérios de aceite bem definidos.
- IDEs com IA (como Cursor, V0 e Lovable) podem acelerar o desenvolvimento de POCs, permitindo que PMs validem hipóteses mais rapidamente.
- A IA pode automatizar tarefas operacionais, mas o pensamento crítico, a priorização estratégica e a validação da entrega continuarão sendo trabalho humano.
5. O papel dos testes e a responsabilidade de plataformas terceiras
Parra também destacou um tema essencial: testes contínuos e o alinhamento sobre responsabilidades em caso de bugs.
- Ter um processo de testes estruturado evita surpresas desagradáveis em momentos críticos, como lançamentos e atualizações.
- Em casos de falhas causadas por integrações externas o cliente precisa estar ciente de que certos problemas fogem do controle da software house.
- Durante períodos de recesso ou baixa disponibilidade da equipe, é importante alinhar prazos realistas para resolução de incidentes.
Conclusão: clareza, estratégia e IA como aliada
Nossa conversa com Parra reforçou um ponto central do State of Digital Products: o desenvolvimento de produtos digitais não é apenas sobre tecnologia, mas sobre estratégia e alinhamento.
Os principais aprendizados incluem:
- Entender o real problema do cliente antes de construir a solução.
- Garantir um alinhamento sincero entre PMs, time técnico e stakeholders.
- Usar pequenas entregas para reduzir riscos e aumentar previsibilidade.
- Ser transparente sobre prazos, custos e qualidade desde o início.
- Aproveitar a IA para otimizar processos, sem perder a visão estratégica
Se você quer mais insights como esses, acesse o estudo completo:
www.flowcode.cc/state-of-digital-products